28.7.05

Diálogos contra o Racismo










Para quem quer obter informações sobre racismo no Brasil, visite o site:
http://www.dialogoscontraoracismo.org.br ´
Na última sexta-feira, dialogava com um taxista, quando ele apontou um rapaz negro, de boné e blusão que passava pela rua e disse:
-"Esse aí eu não carrego."
Perguntei-lhe a razão. E fui informada que "aquele tipo" era bandido. Que eles colocam o boné para não serem reconhecidos.
Disse-lhe:
"- Bom, daqui a alguns anos, meu filho não andará no seu carro. Pois ele gosta de se vestir assim."
O motorista perguntou quantos anos tinha o rapaz (meu filho).
Contei-lhe: 7 anos.
Nossa conversa continuou e falei sobre o que pensava de sua afirmação e ele justificou-se: "Essa é a orientação que recebi de policiais."
O diálogo acabou entre nós, porque a corrida era pequena. Mas estou dialogando até hoje com as palavras do taxista.
Pensei no desenho animado preferido do meu filho: "A Turma do Bairro". A maior parte das crianças se veste com roupas largas, bonés e blusões. Ele gosta do desenho e de vestir a roupa do pai.
Oxalá consigamos mudar este mundo, que faz tantas associações incorretas.
Penso no atirar para matar dos policiais da Inglaterra e no que eles poderiam fazer se vissem jovens, negros, com bonés e blusões.
Talvez o mesmo que vem contecendo no Brasil (sem boné):

Compareça!
3 de agosto (quarta-feira)
Julgamento de policiais acusados de matar dentista negro

Local: 2º Tribunal do Júri – Fórum Regional de Santana
Av. Engenheiro Caetano Álvares, 594 – Bairro do Limão

Horário: a partir das 12h30

Flávio Ferreira Santana, 28 anos, dentista recém-formado, realizou seus estudos numa faculdade da periferia de São Paulo, em Guarulhos, com bolsa de estudos. Era filho de um policial militar.
Na madrugada de 7 de fevereiro de 2004, Flávio voltava do aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, depois de acompanhar a namorada, que fez uma viagem internacional. Já perto de sua casa, na zona norte paulista, sete policiais militares o confundiram com um ladrão. Os agentes seguiram o famoso procedimento de “atire-depois-pergunte”. Dispararam dois tiros, que lhe causaram morte imediata. Alegando “atitude suspeita” de Flávio para justificar os disparos, os policiais afirmaram encontrar no bolso dele a carteira da vítima. A versão inicial dos PMs foi que o jovem teria resistido à prisão e atirado contra os policiais – versão contestada pela perícia, que não encontrou vestígios de pólvora nas mãos de Flávio.
Caído no chão, o dentista foi inicialmente reconhecido pelo comerciante Antônio Alves dos Santos. Dias depois, a vítima do assalto disse ter sido pressionado pelos policiais militares a identificar Flávio como assaltante.
Nesse cenário, o doutor Hédio Silva Júnior, ex-diretor do Ceert – Centro de Estudos das Relações de Trabalho e Desigualdades e atual Secretário da Justiça do Estado de São Paulo, atuava como assistente do Ministério Público, nos autos do processo crime n.001.04.005167-7 (controle 182/04), em tramitação no 2º Tribunal do Júri da Capital.
Desde 2004, os sete policiais que participaram da ação foram afastados das funções e, em seguida, presos.
Em 3 de agosto de 2005 serão julgados o tenente Carlos Alberto de Souza Santos, o cabo Ricardo Arce Rivera e os soldados Luciano José Dias, Edson Assunção e Magno de Almeida Moraes. Eles são acusados de homicídio duplamente qualificado, porte ilegal de armas, fraude e coação processual.
Os soldados Ivanildo Soares da Cruz e Davis Júnior Lourenço, acusados somente de coação processual, deverão ser julgados posteriormente, pois recorreram ao Tribunal de Justiça pleiteando o desmembramento do processo.
O CEERT e seus jovens, principais vítimas da violência policial, convocam a todos e a todas para comparecerem ao julgamento dos assassinos de Flávio Ferreira Santana.